
Foi escrita por Falk Richter autor que integra uma nova geração da escrita teatral pós queda do muro de Berlim e que por isso nos apresenta textos com uma alma marcadamente actual.
Em 2001 ganhou o 1º prémio da Academia Alemã das Artes e na peça em cena no Teatro Taborda revela-nos o corpo enquanto espelho das marcas da alma, num relacionamento amor-ódio em que tudo o que as rodeia se resume a paisagem impulsionadora de mais uma fricção.

Numa espécie de “não quero viver contigo mas não posso viver sem ti”, uma realizadora que havia acabado um filme baseado nas suas memórias e vivências pessoais

é convidada para dar uma entrevista sobre a sua última obra.

No primeiro encontro a jornalista e realizadora apaixonam-se e a partir desse momento tudo se desenrola em ritmo acelerado num chorrilho de emoções, traumas passados, modos de vida coerentes na sua incoerência.

Entre copos e dois dedos de conversa rapidamente se cria um conflito entre as amantes numa guerra surda em que corpo é o principal campo de batalha, porque visível.

Entram em choque as duas, ambas no caminho incessante da busca da sua verdadeira identidade, através de emoções gritantes, marcas e silêncios partilhados.

Vivendo num mundo em que o real e o virtual se entrechocam a todo o tempo

para no instante seguinte largarem juras de amor, entre o que é puramente subjectivo e a objectividade dos factos inegáveis.

Para compor o ramalhete só falta referir outras duas personagens: um DJ e um barman que tal como cenário com vida ajudam a recriar e a ilustrar o absurdo dos comportamentos humanos toldados pelas circunstâncias.
Durante a representação o encenador faz uma breve paragem para oferecer a alguns espectadores uma bebida, o que nos parecia correcto era ou oferecia a todos ou a nenhum.

Não podemos terminar este apontamento, sem um grande “bravo” às actrizes Luísa Amorim e

Teresa Tavares

e ao trabalho de vídeo e de desenho de luz.

Quanto aos actores Alexandre Ovídeo e Carlos Monteiro limitaram-se a cumprir interpretação um tanto ou quanto económica.
A produção é de Catarina Ferreira e só tem o senão, já referido, das bebidas pois para além disso tudo funcionou em pleno.
A não perder num destes dias de Setembro!!!
3 comentários:
interessante e um bom incentivo para os leigos em matéria de teatro como eu... que sabe um dia deste não acabo por ir ver uma peça a conselho do Ricardo...
As fotos valem pelas expressões faciais e corporais embora descontextualizadas do seu habitat...
Passo por aqui sempre com agrado, para apreciar este esforço e dedicação à causa cultural e teatral. Parabéns.
Investe nessas fotos de rosto, gostei muito das mais próximas, acho que estás com um excelente nível de sensibilidade nessa área... Abraço
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