20.9.07

OS VIVOS

Está em cena no Teatro “O Bando” a peça “Os Vivos”.






Trata-se de um texto escrito propositadamente por Jacinto Lucas Pires que estreou no Festival da Teatro de Montemor-o-Velho.





A peça retrata sentimentos, saudades, mágoas que se cristalizam depois da morte.
A Morte de uma filha, de uma namorada, de uma cúmplice, de uma amiga…
As facetas de uma vida espelhadas nas relações que se perpetuam, mesmo do outro lado do espelho.


A mãe que tenta recuperar vivências da filha pelo estabelecimento de uma relação com o namorado, o pai que prossegue num total alheamento, alienando-se entre plantas e num nihilismo infinito, a criada, amiga que partilha com a Marta morta cumplicidades e amores.
Desanuvia o estilo actual do texto, a mordaz ironia, o histerismo controlado em representações seguras e arriscadas que revelam um trabalho sério de personagem.




A peça começa no exterior, entre cenas na paragem de autocarro e numa mística R4, diálogos entre uma senhora na meia-idade e um jovem angustiado, as estórias e os sentimentos, factos e efabulações que se misturam num turbilhão…

A segunda parte desenrola-se numa cenário labiríntico que impede que qualquer espectador detenha a visão da totalidade dos acontecimentos…



Divisões de uma casa onde se guardam memórias, espaços diversificados em constante contacto com o exterior que nos integram na acção e simultaneamente nos interpelam a repelir semelhantes condutas. Um jogo de espelhos inexistentes que testemunhamos.



Ao longo de toda a peça utilizamos um MP3 que nos traz a proximidade do som aos ouvidos, o tom cinematográfico entrecruzado com a visão teatral da peça, num recurso com benefícios mas também algumas reservas às novas tecnologias.









Um espectáculo interessante que vale a pena ver, com boas representações e um élan estético muito cuidado…

Os nossos Parabéns: de 5ª a Domingo em Palmela, às 21h30, com bilhetes a 10€ e os habituais descontos.

17.9.07

Hamlet no teatro Maria Matos, pela Comuna.



No âmbito das comemorações dos 35 anos do teatro de Pesquisa a Comuna e dos 50 anos de carreira de João Mota, estreou na 5ª feira passada a peça “Hamlet”.


Peça de Shakespeare que dispensa quaisquer apresentações, aqui na tradução de Sophia Mello Breyner.





Resta-nos sublinhar as particularidades deste Hamlet, personagem interpretada por Diogo Infante, fio condutor de toda a acção, até em função do texto (não representado e versão integral, provavelmente devido à sua extensão).

Todo o elenco releva a qualidade de representação e encenação a que estamos habituados quando é da Comuna que se fala, as marcações, a estética, a força inerente à acção, tudo respira teatro!



A emoção, a contradição de sentimentos, a tragédia, o desengano magistralmente interpretados por Carlos Paulo, Ana Lúcia Palminha, Albano Jerónimo, Natália Luísa e João Tempera:







A evolução das personagens a que tão bem dão vida convida-nos à partilha de emoções e questiona-nos ritmadamente.
Outros papeis menos preponderantes auxiliam esta percepção completa de conflito interior e de expressão de um tempo e espaço concentrado onde tudo se pode passar:




Seja na peripécia introduzida pelos comediantes, ou através das deambulações do coveiro, nada é deixado ao acaso neste Shakespeare irrepreensível.


A Não Perder:

Teatro Maria Matos
4ª a Sáb. às 21h30,
Domingo matiné.

12.9.07

HAMLET




13 de Setembro a 21 de Outubro, no Teatro Maria Matos
4ª a sáb. às 21H30 dom. às 17H00
M/12


tradução Sophia de Mello Breyner Andresen
adaptação e dramaturgia João Maria André
encenação João Mota cenografia José Manuel Castanheira
figurinos Carlos Paulo música José Pedro Caiado
interpretação Albano Jerónimo, Alexandre Lopes, Ana Lúcia Palminha, Carlos Paulo, Diogo Infante, Frédéric Pires, Gonçalo Ruivo, Hugo Franco, João Ricardo, João Tempera, José Pedro Caiado, Jorge Andrade, Miguel Sermão, Natália Luíza e Raúl Oliveira
execução musical Hugo Franco e José Pedro Caiado
desenho de luz João Mota e Zé Rui
co-produção Comuna Teatro de Pesquisa e Teatro Maria Matos


Espectáculo comemorativo dos 50 anos de Carreira de João Mota e dos 35 anos da Comuna.