30.8.06

Hamlet de William Shakespeare na Quinta da Regaleira

Fomos no último fim-de-semana espreitar o que tem tornado tão animados os serões deste Verão na Quinta da Regaleira, em Sinta.

Deparámo-nos pois com uma alegre cavaqueira na Esplanada deste verdadeiro monumento, edificado no fim do século XIX por um brasileiro: Carvalho Monteiro.
Em todos os pormenores se verifica um cuidado extremo um ambiente carregado de misticismo e simbologia. Dos jardins que envolvem a casa, às capelas, passando pelo poço e pelo anfiteatro nada foi deixado ao acaso.
Na última década a Câmara de Sintra comprou a Quinta e recuperou-a com o todo o esmero e cuidado que merecia, hoje é possível visita-lo todos os dias, existem visitas guiadas e no fim do percurso há um restaurante onde também se pode apenas tomar um chá, ou mais aprazível nesta época, comer um gelado! A Quinta é ainda palco de variadas animações… Mas já lá chegaremos.
Mas este preâmbulo serve apenas para aguçar a curiosidade de quem nunca tenha visitado este espaço, para quem já conhece, desde já podemos afirmar que a noite com o seu luar traz uma magia especial e uma áurea propícia a que aí se desenrolem, como é o caso, tramas – foi assim no último Sábado, assim se repetirá nas semanas que aí vêm.



Ora pois passemos ao dito – Hamlet – Príncipe da Dinamarca. Levado à cena por um grupo local: TapaFuros que assim comemoram 10 anos de teatro de rua.
Composto por um elenco de actores jovens e de grande vivacidade, em duas horas e pouco, num percurso interessante e numa viagem no tempo até






à corte Dinamarquesa a enterrar o pai de Hamlet, entre um cafezinho e um cigarro, ouvindo, já embrenhados na história o relato das









aparições de um fantasma









entre o tom coloquial dos sentinelas do castelo.



As revelações famosas deste ser para além da vida passar-se-ão a seguir…



Entre paragens e andanças lá vamos caminhando, entre loops em socalcos e recantos privilegiados dos jardins – um Beijo a Ofélia, uma trica da corte até nos depararmos, frente um relvado magnífico, com o primeiro mau presságio, a partida do irmão da donzela e um aviso de seu pai.






Daqui ao espaço do anfiteatro, palco único para desfrutar das cenas que antecedem o desenlace final são apenas uns quantos passos de deleite visual.



Para terminar um jogo de xadrez em caixinhas surte uma opção de cenografia feliz, essencialmente se comparada com a política do poder, tão actual ontem como hoje.

De elogiar o esforço vocal dos actores, o texto passa, sem que se perca pitada, o conjunto convence apesar de algumas opções de encenação menos claras, a verdade é que agarra o público injectando a cada deixa ritmo ao espectáculo.


Uma referência ao desenho de luzes que bem evidencia a arquitectura e a beleza natural e introduz um jogo de sombras na fantasmagoria dos sentimentos.
A banda sonora revelava-se eficaz num espaço em que corria o risco de se perder, temos a música como elemento suplementar de uma paisagem esplêndida desta maneira musicada.



Os figurinos arrojados, sem no entanto perderem elegância, neste ponto realçamos os pormenores…
Por momentos apetecia perdermo-nos Quinta fora e reinventar um luar mágico…



Parabéns a todos os que tornaram este espectáculo possível,


um agradecimento muito especial a quem se lembrou de deixar mantas nas cadeiras do anfiteatro, já que tão úteis se revelam.

A terminar apenas uma última remissão ao texto: TapaFuros, tal como a flauta, colocados o dedos em cima dos buracos certos – produzem a melodia mais harmónica: em duas palavras: Dão-nos música!

Vão ver… mas marquem primeiro pois tem estado sempre esgotado!


Bilhetes a 15Euros com descontos vários

29.8.06

O SENHOR ARMAND dito GARRINCHA


A nossa história começa em Marselha na cabine do Júnior Olimpique, quando é comunicado à equipa que o Bota Fogo na sua deslocação à Europa, irá defrontar a equipa local.



O nosso narrador o Senhor Armand que, para não defrontar o Génio Garrincha, convence os dirigentes a cancelar o jogo.


Como não sabia se iria ou não defrontar o grande Garrincha, o terror dos Guarda-Redes, para melhor o interiorizar, o Senhor Armand, jogador do Olimpique, resolve viver a personagem do seu possível adversário.
E assim se passa meia hora entre fintas e passes trocados com o público só para que nos apercebamos da genialidade de Garrincha, o homem de pernas arqueadas, coxo, pelos relatos entusiasmados do seu alter-ego.


(O senhor que nesta foto acompanha o “nosso” Garrincha é só o melhor defesa de todos os tempos do Brasil NILTON SANTOS, informação gentilmente cedida por Mané do Café, o compincha das nossas noites no TejoBar).




Entre goles de uma qualquer aguardente mascarada de “fanta” um entusiasmado amante das coisas da “pelota” narra-nos curiosidades várias da vida de Garrincha, inclusive diversas peripécias feitas pelo grande goleador, como seja a de passar sempre pelo lado esquerdo do seu adversário, isto é passa sempre pela sua direita, não sem antes, simular, avançar, recuar, bambolear, em suma o deixar baralhado, como ao público, sem sabermos já onde estávamos…



A representação do Dinarte está bastante bem conseguida, aposta no envolvimento do público feito claque em torno dos seus remates, deixando-nos por vezes fora de jogo. Desafiando os espectadores a beberem se o desejarem já que se encontram num Bar,

Já que ele o está a fazer.

Não gostámos apenas do desenho de luz que nem sequer existiu, pois o actor esteve todo o espectáculo iluminado só de um dos lados, pelo que apenas vos deixo fotografias do seu lado direito (Dinarte, espero que seja este o teu melhor perfil!) Para obviar a este senão o actor tirou, e bem, partido das mudanças de cor do balcão.

O texto é de Serge Valletti.


Ainda poderá ser visto até 10 de Setembro, não faltem a um serão assim, mesmo que em fim de férias, entre um copo e umas boas gargalhadas, com tiradas que dão que pensar, dê um salto e, se lá não for há uns tempos: aproveite para ver a remodelação fantástica que o Maria Matos sofreu!

Entrada 5€ , com direito a uma bebida.

26.8.06

IBÉRIA A Louca História da Península

Três actores de duas nacionalidades diferentes encontram-se num palco com um Kit de sobrevivência e um






Manual de Instruções.






Correm diversos episódios da história e dos feitos dos dois países como sejam a

Batalha do Salado

Inês de Castro,






Viriato e a Numância,
Batalha de Aljubarrota,





Descobrimentos, Tratado de Tordesilhas






e o Milagre de Fátima.

EXPOSIÇÃO de MÁSCARAS



Integrada no V FESTIVAL INTERNACIONAL de Máscaras e Comediantes, realiza-se uma exposição de máscaras de Renzo Antonello.











Estará aberta ao publico até ao dia 1 de Outubro das 10h às 13h e das 14h às 18h Museu da Marioneta.


25.8.06

JOGRAL de S. FRANCISCO


Foi ontem representado na abertura do V Festival de Máscaras e Comediantes um monólogo de Dario Fo sobre a vida e as vicissitudes de S. Francisco de Assis.




A peça desenrola-se em cinco cenas que elucidam cinco momentos da vida do santo:

Entre a juventude, as batalhas em que participou,


a recepção pelo Papa Inocêncio, a subsequente autorização para a pregação do Evangelho em público e








para iniciar a Ordem dos Franciscanos,












passando ainda por um dos milagres que praticou,










a terminar com a morte de S. Francisco e o relato dos seus últimos momentos.









Espectáculo interpretado com mestria pelo Filipe Crawford, com momentos hilariantes, entre a narração e a interpretação de figuras típicas na comédia del’arte, senão vejamos o que se pode fazer com recurso a uma e sempre a mesma cortina montada no mesmo do palco.

Um monólogo ser o ser já que deparamos com personagens tão diversas quanto o próprio Santo, um Lobo, o prior de um Convento, o Papa Inocêncio, um Cardeal e vários elementos da “arraia miúda”.
Amiúde lá ouvimos história e estórias bem actuais, apesar de estarmos bem longe dos tempos da obscuridade de Idade Média.
Em suma, foi uma noite bem passada entre uma peça fantástica a abrir o festival que se prolongará até meados de Setembro e um beberede que se lhe seguiu com uns petiscos bem originais, como os queijinhos frescos com tomate espetados em pauzinhos de espetada!

Parabéns ao actor e uma palavra de apreço a todos os que contribuem para a realização deste Festival, que auspicia noites bem passadas com o conjunto de peças que parecem bem divertidas a olhar o programa do mesmo!




Pena só mesmo as peças não se repetirem, por isso, consultem o programa para que não percam a oportunidade de um saltinho ao Castelo de S. Jorge aproveitado como cenário para noites veraneantes com cheirinho a romantismo e à festa que é o teatro num espaço tão privilegiado…


Por cá, dado que a produção nos permitiu fotografar todas as peças, prometemos a cobertura exaustiva dos espectáculos!
Amanhã novas sobre o espectáculo de hoje à noite!

23.8.06

O Senhor Armand

Em boa hora uma equipa, resolveu dar a conhecer esta lenda do futebol brasileiro, mas não só, pois, foi um ídolo de multidões pelo mundo fora. Passeando a sua grande classe pelos maiores estádios de futebol. Este grande génio é representado em palco pelo actor Dinarte Branco.



Quem não se lembra de GARRINCHA!!!


Espectáculo a não perder!!!

Entrada 5€ com direito a uma bebida.

16.8.06

REI VIRIATO

Desta vez, trago uma peça feita em Espanha, que foi representada no majestoso Teatro Romano de Mérida
incluída no LII FESTIVAL DE TEATRO CLÁSSICO DE MÉRIDA,


Viriato Rey da autoria de João Osório de Castro, uma tragédia que nos relata a vida e obra de um herói épico da Província Romana da Lusitânia,











que lutou contra os Romanos pela liberdade e paz do seu Povo








tendo sido traído por um dos seus a mando de Roma


O motivo porque falo dela é porque foi encenada por um dos melhores encenadores portugueses João Mota, e contou nos principais papeis com alguns actores portugueses que dispensam quaisquer elogios Ana Lúcia Palminha, no papel de Artinio, Carlos Paulo no de Atolpas, Sara Belo no de segunda mulher.



Valeu a pena os 700Km feitos, pois a peça estava muito bem encenada, aliás como todos os trabalhos apresentados este grande senhor do teatro português, gostámos bastante do trabalho desenvolvido pela actriz Ana Lúcia Palminha, que esteve sempre bem.