28.4.06
26.4.06
À PROCURA DE JÚLIO CÉSAR
Parte do texto corresponde ao clássico Júlio César, de Shakespeare o restante, foi escrito por Carlos J. Pessoa a propósito do tema.
A primeira faz-nos recuar até à Roma Pré-Imperial, aos contemporâneos de Júlio César no preciso momento do seu assassinato.
Uma abordagem à forma como se atinge, se exerce e se perde o poder, minado por dentro do próprio sistema…
Somos enquadrados por personagens e passagens da peça shakespereana, num elogio ao imperador e às suas conquistas e talvez num paralelismo imperfeito com os assassinatos políticos que perpassam a história da velha Europa e dos novos mundos…
Neste espaço a sonoplastia envolve-nos e devolve-nos o céu nocturno de Lisboa, a representação está irrepreensível e cenicamente quase perfeita. (Falando nós, imiscuindo-nos num terreno em que somos leigos e apresentamos apenas o ponto de vista do espectador desinteressado.) Mais do que espectadores de uma representação teatral sentimo-nos a presenciar algo solene, único, histórico e quiçá testemunhas de um homicídio in loco, quase cúmplices de um golpe ao nada interferirmos…
Pena mesmo é só durar 20 minutos.
Passamos depois para outro espaço radicalmente diferente. Encaminhados para o teatrinho propriamente dito, ainda em choque com o sangue injustamente derramado à nossa frente…
Lá vamos entrando um pouco impressionados.
Aqui chegados tudo muda o rumo…
Agarrando a deixa que a personagem principal tinha deixado solta na cena anterior, deparamo-nos com perplexidade perante um João José, ansioso por encontrar um tal de Júlio César que havia deixado um anúncio na imprensa oferecendo trabalho a um motorista, emprego este a que o primeiro - o João José – pretendia concorrer.
Desenrolam-se cenas hilariantes, desde uma modista que nos alerta para o facto de tantas vezes
vestirmos fatos e camiseiros que não nos caem bem,
até uma senhora a viver no mundo fantasioso em que tudo o que importa é simplesmente:
decorativo, prático e quase onírico.
Passando pela burocracia conjugada e acumulada da 2ª geração das Lojas do Cidadão – O SIMPLEX –
apresentando todas as dificuldades necessárias à venda de facilidades e por um Pai Natal
que a brincar lá deixa cair algumas verdades la palisse
e por uma Marilyn platinada e meio perdida buscando um desejo inatingível.
Enfim, apresentam-se peripécias, por vezes inverosímeis, porque passam os nossos cidadãos que na meia idade ascendem à categoria de desempregados e que buscam incessantemente nova ocupação e requalificação profissional…
Uma comédia intemporal que joga com valores, circunstâncias e contextos muito diversificados, entre o que somos o que fomos e aquilo que muitas vezes deixamos pelo caminho… e que lá vai dando umas achegas bem sérias aos espectadores mais atentos.
Uma última palavra para os figurinos que surpreendem pelo bom gosto e pela originalidade e outra para a produção que, por ser aquela tarefa que se bem feita é quase transparente fica muitas vezes esquecida.
Estará em cena até 21 de Maio, de 4ª a Domingo às 21h30.
A NÃO PERDER
20.4.06
PORTO
Poético, dada a envolvência de curvas e contracurvas, de socalcos e vegetação que o rodeiam lhe marcam o correr.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Dos dois tabuleiros da Ponte D. Luís, o superior foi nos últimos anos adaptado e reforçado para permitir a ligação por metro entre as duas margens do rio, servindo duas grandes metrópoles: Porto e Gaia.
Ébrio das vinhas que lhe emprestam uma cor azul-grená meio esverdeada, um sabor encorpado e um aroma romântico – paisagem única para amores e desamores.
De um lado o Porto, no outro Gaia e a imponente serra do Pilar, por demais bem caracterizados na melodia do Porto Sentido
Para fazer a ligação à margem esquerda existem hoje várias pontes, construídas ao longo dos últimos dois séculos, marcadas por diferentes épocas e concepções arquitectónicas.
Destacamos as pontes
do Freixo,
D. Luís e
e ainda a da Arrábida.
A Ponte D. Luís, com projecto de Teófilo Seyrig, sócio do Eng.º Eiffel foi inaugurada em 1887; a da Arrábida, projectada pelo Professor Edgar Cardoso, foi construída e entrou em funcionamento já na década de 60 do século passado.
Uma curiosidade suplementar, esta última, na altura detinha o maior arco de betão armado do mundo.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Dos dois tabuleiros da Ponte D. Luís, o superior foi nos últimos anos adaptado e reforçado para permitir a ligação por metro entre as duas margens do rio, servindo duas grandes metrópoles: Porto e Gaia.
Assim, a 2 de Agosto de 2005, o Metro do Porto passou pela primeira vez sobre a ponte D. Luís, inaugurando-se a ligação a Gaia.
O Porto nasceu a partir da zona de Miragaia que se chamava nessa altura Cale (passagem). Mais tarde, com a chegada dos Romanos passou a designar-se Portus (enfatizando a importância do porto aí existente).
Das duas denominações surge por aglutinação a palavra Portucale (séc.V) que, já no séc. IX viria a dar nome aos domínios do Conde borgonhês D. Henrique - o Condado Portucalense, berço de Portugal (séc. XII).
Alguns momentos históricos desta tão antiga urbe são de destacar por reflectirem a sua importância nos dias que correm, ilustrando acasos que ganham centralidade ao longo dos tempos que passam…
Em 1415 a população da cidade empenhou-se de tal forma no abastecimento das Naus para a expedição a Ceuta que daí resultou uma enorme carestia.
Reza a história que ficaram apenas com as tripas dos animais tendo pois sido obrigados a cozinhá-las para se alimentarem, e assim se criou uma das suas mais conhecidas especialidades gastronómicas as “Tripas à moda do Porto”.
Já no início do século XIX, durante a II Invasão Francesa, deu-se a tragédia, com a população em fuga para a outra margem, na Ponte das Barcas: devido ao excesso de peso nas barcaças que levavam muito mais gente do que aquela que poderiam suportar se afundaram, tendo morrido milhares de pessoas que encontraram o rio por sepultura.
Quanto a monumentos referenciamos
a Igreja da Trindade,
a sua Torre dos Clérigos onde funcionava o asilo para padres pobres e em fim de vida
e Santo Ildefonso,
Retratos da cidade do Porto, conhecida mundialmente devido ao vinho a que dá do nome, mas que curiosamente tem as Caves do referido licor dos deuses precisamente na margem oposta: em Gaia!
18.4.06
TEATRO DA GARAGEM-À procura de Júlio César
A acção desenrola-se em vários locais começando por nos mostrar o que os nossos desempregados passam, quando procuram emprego na meia-idade passando de Pôncio para Pilatos.
A peça estará em cena de quarta a domingo às 22H no Teatro Taborda.
1.4.06
BICA TEATRO
"Três mulheres, fugindo do seu passado, encontram-se num call-center algures no mundo.
A ilusão de um lugar de salvação... Não importa para onde escapamos, não podemos fugir de nós próprios.
De que se fala quando não se quer revelar nada?"
Em Maio próximo, o espectáculo estará no Auditório Carlos Paredes, Benfica, nos dias 18, 19, 20, 25, 26 e 27 Maio, pelas 21:30h.
Vão ver que vale a pena!!!