26.9.06

QUEM NÃO TRABUCA, NÃO MANDUCA!

Chegados de uma longa tournée, que correu vários continentes e oceanos, o grande, o inigualável duo, de artistas portugueses que foram aclamados nas principais capitais, Armando (Pedro Luzindro) e Valentina (Ana Sofia Paiva).


Estes dois grandes vultos do nosso panorama artístico que viajam apenas com um pequeno cenário ao melhor estilo do cabaret do início do séc. XX.

Eles vêm-nos contar histórias escritas por Luísa Ducla Soares, baseadas na célebre fábula de La Fontaine, a Cigarra e a Formiga.

P.S-Peço desculpa aos visados Valentim (Pedro Luzindro) e Armanda (Ana Sofia Paiva).

24.9.06

DANÇA em JAPONÊS

Na última semana o Taborda acolheu uma Companhia de Dança Japonesa.
Foram apresentados dois espectáculos diferentes, infelizmente, não foi possível fazer a reportagem fotográfica que desejávamos, dado que o produtor Bruno Coelho insiste na impossibilidade de fotografar os eventos que decorrem naquele bonito teatro.


Assim, o que aqui apresentamos foram as fotografias possíveis, retratos à revelia do produtor, na opacidade do espectáculo, ao que parece, ninguém se incomodou com a nossa presença, ou melhor, com a presença da nossa Nikon.



Mas vamos ao que interessa:

Um espectáculo em duas cenas bem diversas entre si. Espaços diferentes, cenários distintos, movimentos dispares.

Um casal. A proximidade e o distanciamento. Uma mesa que os une e os separa. Espelho da vida. O recuo, o melhor ângulo – a investida!

Movimentos bruscos e por vezes quase acrobáticos, o dia-a-dia da existência humana no frenético mundo urbano. A busca da ocidentalidade, o traje, a expressão – vazia, despida de sentimento e tão cheia do nada revoltante.

O perfeito entendimento entre os bailarinos, uma sincronia ao som da água: será um regato? Uns chuviscos? Um aguaceiro de dança contemporânea muito bem executada na coreografia deste par.


A terminar com “uma carga de água” que chega para confundir o som das palmas que bem mereceram.

Outro casal. Um cenário de campo. Uma construção magnifica que os separa do público. A ruralidade em palco.
Como intrusos lá vamos espreitando o que se passa do outro lado da vida. Um homem, uma mulher.


O amor que deles transpira, a paixão feita dança. O elogio dos corpos enquanto espelho de uma alma apaixonadamente ardente.

A pureza dos sentimentos. A busca de um amor que liberta. Dois solos que nos mostram a qualidade dos bailarinos que os executaram.

O vibrar de várias músicas que vão marcando os compassos e perpassam tempos e continentes. A cumplicidade entre passos de dança, o ritmado da acção que se vai desenrolando sem vocábulos e, a apoteose com Amália que os japoneses tão bem souberam amar. Também o fado que estes convidados simpaticamente escolheram para terminar!

Numa palavra: Parabéns!

Para a próxima, vamos tentar infiltrar-nos de outra forma, e, talvez com uma cunha* consigamos o que outros conseguiram: ir para a galeria e retratar pormenorizadamente espectáculos de tão boa qualidade!

*Assim pedimos aos leitores que, se conhecerem alguém da Garagem, façam um forcing a favor da fotografia nos espectáculos, ainda que apenas e tão só, para uso particular.

14.9.06

NOTHING HURTS

A peça de hoje é uma co-produção de Arquibaldo com o Teatro da Garagem e estará em cena até ao próximo Domingo dia 17. Os espectáculos começam às 21h 30m.


Foi escrita por Falk Richter autor que integra uma nova geração da escrita teatral pós queda do muro de Berlim e que por isso nos apresenta textos com uma alma marcadamente actual.
Em 2001 ganhou o 1º prémio da Academia Alemã das Artes e na peça em cena no Teatro Taborda revela-nos o corpo enquanto espelho das marcas da alma, num relacionamento amor-ódio em que tudo o que as rodeia se resume a paisagem impulsionadora de mais uma fricção.



Numa espécie de “não quero viver contigo mas não posso viver sem ti”, uma realizadora que havia acabado um filme baseado nas suas memórias e vivências pessoais












é convidada para dar uma entrevista sobre a sua última obra.









No primeiro encontro a jornalista e realizadora apaixonam-se e a partir desse momento tudo se desenrola em ritmo acelerado num chorrilho de emoções, traumas passados, modos de vida coerentes na sua incoerência.



Entre copos e dois dedos de conversa rapidamente se cria um conflito entre as amantes numa guerra surda em que corpo é o principal campo de batalha, porque visível.




Entram em choque as duas, ambas no caminho incessante da busca da sua verdadeira identidade, através de emoções gritantes, marcas e silêncios partilhados.





Vivendo num mundo em que o real e o virtual se entrechocam a todo o tempo









para no instante seguinte largarem juras de amor, entre o que é puramente subjectivo e a objectividade dos factos inegáveis.











Para compor o ramalhete só falta referir outras duas personagens: um DJ e um barman que tal como cenário com vida ajudam a recriar e a ilustrar o absurdo dos comportamentos humanos toldados pelas circunstâncias.

Durante a representação o encenador faz uma breve paragem para oferecer a alguns espectadores uma bebida, o que nos parecia correcto era ou oferecia a todos ou a nenhum.




Não podemos terminar este apontamento, sem um grande “bravo” às actrizes Luísa Amorim e







Teresa Tavares











e ao trabalho de vídeo e de desenho de luz.










Quanto aos actores Alexandre Ovídeo e Carlos Monteiro limitaram-se a cumprir interpretação um tanto ou quanto económica.







A produção é de Catarina Ferreira e só tem o senão, já referido, das bebidas pois para além disso tudo funcionou em pleno.

A não perder num destes dias de Setembro!!!

11.9.06

CASANOVA

Chegou ao fim o V Festival de Máscaras e Comediantes no Castelejo do Castelo de S. Jorge na cidade de Lisboa.






Para encerrar com Chave de Ouro veio da Grã-Betanha a Companhia Ophaboom, com a peça
Casanova.





A peça é baseada na lendária figura de Casanova, explorando o escandaloso e calunioso carácter desta figura.





Usando as meias máscaras apresentam o espectáculo com se nunca o tivéssemos visto.


Amores e desamores, dúvidas e enganos chocam entre si, durante o desenrolar da acção.




Ficamos aguardando o VI Festival que a avaliar pelos anteriores será com certeza um marco no nosso panorama teatral.






Bem Hajam




MUITA MERDA para o próximo...

9.9.06

A Gargalhada de Yorick

Ontem voltámos mais uma vez ao castelejo no castelo de São Jorge, não demos por perdido o tempo, pois os actores envolvidos, na acção foram excepcionais durante toda a representação.

Vamos agora tentar explicar o que se passou:

Dois actores aproveitam para brincar de uma forma didáctica com uma das obras mais conhecidas e polémicas de William Shakespeare a peça “Hamlet”. Os actores André Gago e Joaquim Nicolau, acabam por criar um ambiente de cumplicidade com o público de uma forma extremamente eficaz com a trama e a essência da obra.








8.9.06

A HISTÓRIA do TIGRE

Esta Obra escrita por Dario Fo, é inspirada no Teatro Popular Chinês.






Narra-nos a história de um soldado que durante a Grande Marcha





é ferido e se refugia numa gruta nos Himalaias





e sobrevive graças aos cuidados de uma tigresa.

Dizem os chineses que uma pessoa tem o tigre quando perante as dificuldades, persistem, aguentam e resistem.

7.9.06

NOTHING HURTS


A acção desenrola-se principalmente entre duas mulheres, uma realizadora de filmes e uma jornalista, e para compor o ramalhete entram um DJ e um barman.

Entre dois copos questionam as emoções partilhadas, silêncios que vai do trágico ao burlesco.

A peça é de Falk Richter.


Não perca.

3 num baloiço


Tal como foi anteriormente divulgado neste blog, estreou ontem no Teatro Taborda, à Costa do Castelo a peça 3 NUM BALOIÇO – texto escrito por Luigi Lunari em 1996.


Trata-se de uma reposição de um espectáculo que já esteve em palco na casa dos Aloés, companhia de teatro que a leva novamente ao palco.

Numa comédia plena de entusiasmo, personagens muito coloridas e com tons garridos divertem-nos durante um par de horas, observamos quase um pintura dinâmica onde as acções se sucedem em catadupa:





Assim, de início contracenam maioritariamente o Comendador/Industrial,









o Capitão





e um Professor,


entre si e com o público, já que indirectamente nos questionam com as suas formas tão díspares de encarar a vida, o futuro.

Nas últimas cenas, uma personagem muito original ganha o palco e arrebata o público: nem mais nem menos: uma Senhora da Limpeza, ou deveremos dizer à maneira nova uma técnica auxiliar de higiene e segurança no trabalho, muito bem ilustrada por Elsa Valentim!

Muitos Parabéns aos actores a quem devemos os sorrisos devidos às hilariantes piadas a que dão vida!

Um à parte que até vem a propósito, sabem que pela forma como se encadeiam as deixas, fazendo jus à representação que bem espelha a escrita a que dão vida, não seria exagerado fazer um paralelismo com os espectáculos representados por estas semanas ali mesmo ao lado: no castelo de S. Jorge e no âmbito do V Festival de Máscaras e Comediantes?


È que sem nos afastarmos muito do estilo da Commedia Dell’Arte, se bem que rasgando daí o estilizado das personagens de época típicas como o mercador Pantaleão, o Capitão Matamouros, o Doutor Balanzoni ou o criado Zanni, temos também na peça dos Aloés representantes compagináveis com o que na Commedia Dell’Arte alude à alta finança, à legitimidade das armas, à superioridade do saber e ao valor dos braços de trabalho: poderes sempre presentes nas sociedades, sejam elas do séc. XVII ou no limiar do séc. XXI!





Ora vejam bem que os Aloés com este espectáculo quase parecem associar-se ao Festival que se tem desenrolado ali bem perto e ao qual temos feito referências constantes!


Será um sinal dos tempos, uma questão de perspicácia inopinada, ou apenas uma questão de nacionalidade, já que quem escreve esta peça é também italiano?
Aguardamos comentários.


Encenado por José Peixoto, apresenta-nos uma comédia na fronteira do absurdo que podem constituir formas tão diferentes de olhar o mundo e a vida!


De facto, como diriam os gastrónomos mais famosos da nossa terra, apimentado q.b., cozinhado com toda a sabedoria, temos um espectáculo que se torna um autêntico pitéu!
E em jeito de despedida não podemos deixar de lado um apontamento: face à rica rentrée teatral que temos vindo a assistir durante este ano, seria quase um pecado não aproveitar para ir ao teatro, pois mesmo para umas horas divertidas, para dar largas ao sonho (e quiçá para momentos de alienação) a oferta é diversificada!

O espectáculo estará em cena até dia 17 deste mês.

Não perca.