7.9.06
3 num baloiço
Tal como foi anteriormente divulgado neste blog, estreou ontem no Teatro Taborda, à Costa do Castelo a peça 3 NUM BALOIÇO – texto escrito por Luigi Lunari em 1996.
Trata-se de uma reposição de um espectáculo que já esteve em palco na casa dos Aloés, companhia de teatro que a leva novamente ao palco.
Numa comédia plena de entusiasmo, personagens muito coloridas e com tons garridos divertem-nos durante um par de horas, observamos quase um pintura dinâmica onde as acções se sucedem em catadupa:
Assim, de início contracenam maioritariamente o Comendador/Industrial,
o Capitão
e um Professor,
entre si e com o público, já que indirectamente nos questionam com as suas formas tão díspares de encarar a vida, o futuro.
Nas últimas cenas, uma personagem muito original ganha o palco e arrebata o público: nem mais nem menos: uma Senhora da Limpeza, ou deveremos dizer à maneira nova uma técnica auxiliar de higiene e segurança no trabalho, muito bem ilustrada por Elsa Valentim!
Muitos Parabéns aos actores a quem devemos os sorrisos devidos às hilariantes piadas a que dão vida!
Um à parte que até vem a propósito, sabem que pela forma como se encadeiam as deixas, fazendo jus à representação que bem espelha a escrita a que dão vida, não seria exagerado fazer um paralelismo com os espectáculos representados por estas semanas ali mesmo ao lado: no castelo de S. Jorge e no âmbito do V Festival de Máscaras e Comediantes?
È que sem nos afastarmos muito do estilo da Commedia Dell’Arte, se bem que rasgando daí o estilizado das personagens de época típicas como o mercador Pantaleão, o Capitão Matamouros, o Doutor Balanzoni ou o criado Zanni, temos também na peça dos Aloés representantes compagináveis com o que na Commedia Dell’Arte alude à alta finança, à legitimidade das armas, à superioridade do saber e ao valor dos braços de trabalho: poderes sempre presentes nas sociedades, sejam elas do séc. XVII ou no limiar do séc. XXI!
Ora vejam bem que os Aloés com este espectáculo quase parecem associar-se ao Festival que se tem desenrolado ali bem perto e ao qual temos feito referências constantes!
Será um sinal dos tempos, uma questão de perspicácia inopinada, ou apenas uma questão de nacionalidade, já que quem escreve esta peça é também italiano?
Aguardamos comentários.
Encenado por José Peixoto, apresenta-nos uma comédia na fronteira do absurdo que podem constituir formas tão diferentes de olhar o mundo e a vida!
De facto, como diriam os gastrónomos mais famosos da nossa terra, apimentado q.b., cozinhado com toda a sabedoria, temos um espectáculo que se torna um autêntico pitéu!
E em jeito de despedida não podemos deixar de lado um apontamento: face à rica rentrée teatral que temos vindo a assistir durante este ano, seria quase um pecado não aproveitar para ir ao teatro, pois mesmo para umas horas divertidas, para dar largas ao sonho (e quiçá para momentos de alienação) a oferta é diversificada!
O espectáculo estará em cena até dia 17 deste mês.
Não perca.
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