17.11.06

A MÁGOA

A palavra Mágoa tem origem no latim Macula
Que significa mancha ou nódoa.
Mágoa é pois uma Macula,
Uma mancha ou nódoa de tristeza.




É também o mote para a nova peça em cena no Teatro da Garagem (no teatro Taborda, à Costa do Castelo).


Mágoa é também um sentimento apresentado por entre a solidão, o desencanto, a desilusão, a saudade de um passado que ainda é.
Histórias corriqueiras de mulheres banais, entre si partilham um amor fraternal que faz de cada uma delas únicas.


Quatro actrizes distintas, entre a força e a sensibilidade das palavras, a energia e a economia simultânea na representação, em quatro actos narram momentos desde infância à idade adulta.



Ganham vida quatro irmãs que partilham um passado e vivenciam vários presentes.






No primeiro acto – Morrer de amor – apresentam-se manias e extravagâncias, do coleccionismo de areia à paranóia das compras, chama-se a literatura à colação, contracena-se com um cão imaginário.
Expira-se um amor invertido por um grunho, um amor maternal por um filho que já só existe na cabeça da mãe…


O Urso – segundo acto – doente, maculado, mas intangível, transcendente, psiquiatra, interlocutor mas fundamentalmente simbolismo.


Daqui a uma corrida de carrinhos de supermercado, simbolismo genial do imaginário feminino para remeter à Corrida de Indiannopolis – quatro fatos de macaco dentro dos que se digladiam emoções, discutem perspectivas circulares, como uma esfera, uma roda, um pneu.

Sonhos que desaguam numa realidade inexistente. Um epilogo que nos traz ao âmago deste texto, ao originário primeiro da sua existência teatral:
Um suicídio colectivo, de quatro irmãs, ocorrido na Índia, em fuga de uma vida de fome e privações.

A consistência teatral, figurada que aqui reúnem as personagens, a consciência de estórias de todos os dias trazidas ao palco, a tradição clássica de irmãs, mulheres e o seu universo na herança judaico-cristã, de Tchécov a Sófocles passando por Garcia Lorca; aqui desconstruídos e re-interpretados numa imagem da espuma dos dias.


Um texto da maturidade, representado de forma exígua por pessoas de muito valor e encenado por um Carlos J. Pessoa que vem evoluindo nas escolhas cénicas, com momentos brilhantes, uma audácia de relevar e o recurso equilibrado a outros domínios da arte, aqui magistralmente equilibrados.


Não podemos deixar de referir, por ordem de entrada em cena: a juventude de Lygia Logatto,

a força em palco, a dança, o movimento, a expressão a que Ana Palma nos vem habituando,


a maestria de Maria João Vicente, a sua maturidade artística, a emoção que tão bem ilustra de uma espécie de racionalidade eminentemente feminina e,

finalmente, a economia, perspicácia, comedimento numa força interior incomensurável de Luísa Cruz!


Há que tempos não víamos cruzarem-se em palco quatro tão grandes valores do nosso teatro! Definitivamente: A não perder!

De Quarta a Domingo no Teatro Taborda
21h30

Até 10 de Dezembro.

14.11.06

TEATRO da GARAGEM





Com Ana Palma, Luísa Cruz, Lygia Logatto e Maria João Vicente




Com Fernando Nobre e Miguel Mendes

10.11.06

EXPOSIÇÃO de RAFAEL MOITA

Está patente no Mega café uma Exposição de pintura a PASTEL



de um pintor – Rafael Moita – que faz parte da nova geração de artistas plásticos portugueses.







Esta imagem retrata um dos quadros de que mais gostámos.



O pintor, nascido em Lisboa a 9 de Fevereiro de 1975, apaixonado pela vida e pelas artes, opta pelo design gráfico como sua principal área de formação.
Faz o curso de Artes Gráficas na António Arroio terminando-o com a média de 14 valores




Em 1994, realiza as provas de aferição e específica de desenho, para acesso ao ensino superior com as classificações respectivas de 92% e 85%, esta última a melhor nota em Lisboa nesse ano. Recusa a ESBAL e ruma a Caldas da Rainha onde efectua o 1º ano de Artes Plásticas na ESAD.





A necessidade pessoal leva-o a ter de abraçar o mercado de trabalho.
Inicia então a sua actividade profissional como designer, trabalhando para várias agências, até partir para Moçambique em 1999 onde viveu o momento mais aliciante da sua carreira.






Foi assistente da pintora Rosa Almeida e frequentou durante dois anos o curso de pintura da ArCo.




A nível pessoal tem procurado dedicar a sua vida a um crescente investimento nas artes.
Tem desenvolvido ao longo dos anos várias peças de pintura, utilizando essencialmente o Pastel, o Óleo e, mais recentemente, o Acrílico.

Acredita na Arte como uma forma de expressão sublimada que transcenda os limitados padrões da linguagem comum.
Acredita que é preciso devolver à Arte o lugar a que tem sido subtraída, quer pela massificação quer pela mercantilização, sob pena da sociedade perder o único veículo que permite expressar o indizível.


Venham degustar estes trabalhos no Megacafé, na Rua dos Sapateiros nº113, a exposição é de Pastel e estará aberta até finais de Novembro.