Fomos no último fim-de-semana espreitar o que tem tornado tão animados os serões deste Verão na Quinta da Regaleira, em Sinta.
Deparámo-nos pois com uma alegre cavaqueira na Esplanada deste verdadeiro monumento, edificado no fim do século XIX por um brasileiro: Carvalho Monteiro.
Em todos os pormenores se verifica um cuidado extremo um ambiente carregado de misticismo e simbologia. Dos jardins que envolvem a casa, às capelas, passando pelo poço e pelo anfiteatro nada foi deixado ao acaso.
Na última década a Câmara de Sintra comprou a Quinta e recuperou-a com o todo o esmero e cuidado que merecia, hoje é possível visita-lo todos os dias, existem visitas guiadas e no fim do percurso há um restaurante onde também se pode apenas tomar um chá, ou mais aprazível nesta época, comer um gelado! A Quinta é ainda palco de variadas animações… Mas já lá chegaremos.
Mas este preâmbulo serve apenas para aguçar a curiosidade de quem nunca tenha visitado este espaço, para quem já conhece, desde já podemos afirmar que a noite com o seu luar traz uma magia especial e uma áurea propícia a que aí se desenrolem, como é o caso, tramas – foi assim no último Sábado, assim se repetirá nas semanas que aí vêm.
Ora pois passemos ao dito – Hamlet – Príncipe da Dinamarca. Levado à cena por um grupo local: TapaFuros que assim comemoram 10 anos de teatro de rua.
Composto por um elenco de actores jovens e de grande vivacidade, em duas horas e pouco, num percurso interessante e numa viagem no tempo até
à corte Dinamarquesa a enterrar o pai de Hamlet, entre um cafezinho e um cigarro, ouvindo, já embrenhados na história o relato das
aparições de um fantasma
entre o tom coloquial dos sentinelas do castelo.
As revelações famosas deste ser para além da vida passar-se-ão a seguir…
Entre paragens e andanças lá vamos caminhando, entre loops em socalcos e recantos privilegiados dos jardins – um Beijo a Ofélia, uma trica da corte até nos depararmos, frente um relvado magnífico, com o primeiro mau presságio, a partida do irmão da donzela e um aviso de seu pai.
Daqui ao espaço do anfiteatro, palco único para desfrutar das cenas que antecedem o desenlace final são apenas uns quantos passos de deleite visual.
Para terminar um jogo de xadrez em caixinhas surte uma opção de cenografia feliz, essencialmente se comparada com a política do poder, tão actual ontem como hoje.
De elogiar o esforço vocal dos actores, o texto passa, sem que se perca pitada, o conjunto convence apesar de algumas opções de encenação menos claras, a verdade é que agarra o público injectando a cada deixa ritmo ao espectáculo.
Uma referência ao desenho de luzes que bem evidencia a arquitectura e a beleza natural e introduz um jogo de sombras na fantasmagoria dos sentimentos.
A banda sonora revelava-se eficaz num espaço em que corria o risco de se perder, temos a música como elemento suplementar de uma paisagem esplêndida desta maneira musicada.
Os figurinos arrojados, sem no entanto perderem elegância, neste ponto realçamos os pormenores…
Por momentos apetecia perdermo-nos Quinta fora e reinventar um luar mágico…
Parabéns a todos os que tornaram este espectáculo possível,
um agradecimento muito especial a quem se lembrou de deixar mantas nas cadeiras do anfiteatro, já que tão úteis se revelam.
A terminar apenas uma última remissão ao texto: TapaFuros, tal como a flauta, colocados o dedos em cima dos buracos certos – produzem a melodia mais harmónica: em duas palavras: Dão-nos música!
Vão ver… mas marquem primeiro pois tem estado sempre esgotado!
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5 comentários:
obrigado pela sugestão cultural... que acompanhada das suas fotografias concretizam ainda mais a experiência. em nome dos TapaFuros obrigado... Até breve
Hmmm, ora aqui está uma crítica muito simpática! Quem leia até pensa que se trata de um bom espectáculo.
Então não se fala aqui do Hamlet-histérico-patético-karateca-arlequim-ninja-das-caldas? Sim, aquele que deixa o público numa situação confrangedora só de o ver. Aquele dos golpes de karaté entre uma e outra deixa, o tal que diz uma deixa em baixo em pose de galo, e num golpe ninja eleva o corpo, e sobe o timbre e acelera o ritmo da frase, precipitando o seu final? Aquele dos esgares em over-acting, para tentar parecer louco? Aquele que é, de facto, uma ave rara teatral...
Alguém está podre nesse reino da Dinamarca. É ele.
No meio da desgraça, parabéns às meninas, especialmente à Raínha!
Muito embora se possa concordar com overacting da parte do Hamlet, não se tratando este de um blog de estrita crítica teatral não cabe a quem aqui escreve fazer juízos de valor, principalmente de índole negativa. Assim, parece-me lógico que se opte por elogiar o trabalho positivo em detrimento de sublinhar os aspectos menos bons!
Parabéns pelas fotografias!!!
Um Bjnho
Maria
Só agora encontro este maravilhoso resumo do Hamlet...
Já agora aproveito para os convidar para um novo espectáculo do grupo, A Ronda das Fadas, uma peça infantil a estrear proximo Sáb 11 de novembro tb na quinta da regaleira.
Um grande bem haja, e um obrigado especial...
ps:Quanto à critica ao actor...só tenho pena do critico ser anonimo!!
desculpem, o link de cima não leva a lado nenhum, mas este já leva! lol
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