5.10.07

AGOSTO

A Barraca trouxe-nos desta vez uma peça sobre a emigração e as relações entre emigrantes feita a partir de textos de alguns escritores portugueses.



Durante a acção da peça leva-nos a viajar ao Portugal das décadas 50/60 do séc. XX, quando os portugueses se viam obrigados, em função do panorama político e económico nacional, a emigrar em busca de uma vida melhor.


Ao longo da narrativa contam-se as aventuras e as desventuras por que passaram: Aqueles que eram enganados pelos passadores que ao engano e que nem sequer chegavam a sair de Portugal, deixados que eram numa aldeia do distrito de Bragança denominada FRANÇA;


Outros, no caso, os Açorianos que, para pagarem a viagem para a América, trabalhavam de graça nos navios que demandavam aquelas paragens em troca de uma viagem como bagagens humanas para o novo continente.


Depois chegam-nos os diferentes modos de vida adoptados pelos emigrantes: uma vida de trabalho sem direitos, a exploração a que estavam sujeitos, por vezes empreendida pelos próprios compatriotas,



aqueles que chegaram primeiro, que haviam enriquecido, e que depois se arrogavam no direito de abusar de ignorantes e ingénuos que, numa nova paragem constituíam uma presa fácil.


Finalmente e a terminar mostra-se com verdade que nem todos os emigrados regressam melhor do que partiram, nem sequer com aquilo que tinham partido,


em contraponto com alguns que ao voltar constroem as já famosas maisons que povoam a paisagem de tantas aldeias no nosso interior.

Enfim, viagem guiada por um mundo diferente que tão bem reflecte a mentalidade portuguesa, cá e lá, antes e depois. Uma história paradigmática do ser português.




A peça conta com um elenco jovem e bastante promissor, de que não podemos destacar ninguém.


Uma encenação cuidada de Maria do Céu Guerra e um óptimo trabalho de todos os elementos da equipa desta companhia de dentro, dentro da tradição da Barraca que revela a cada espectáculo um tema polémico e que nos deixa uma perspectiva sempre renovada do mesmo.

Vão ver que vale a pena!


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