15.3.07

ANIÑANDO

Um espectáculo curioso, cativante e encantador.


Seduz-nos desde a primeira cena: uma conversa entre duas velhotas muito engraçadas que nos contam histórias de vida, episódios engraçados e ridículas impressões de diversas existências.
Duas idosas solitárias, ambas latinas encontram-se num café de uma cidade, que é Lisboa, mas que poderias ser outra qualquer, reconhecem uma na outra traços de solidão empática, a cumplicidade que se pressente de imediato entre iguais, como jovens de pensamento que se afirmam, logo decidem partilhar a intimidade: vão morar juntas.

Com recurso a artefactos da comédia dell’arte como as máscaras humanas que lhes sublinham a idade, ou a bibelots lindíssimos, pequenos pormenores de um grande bom gosto temos o cenário perfeito para que ali se contem evidencias nada explicitas, para que se brinque com a transcendência, para que se demonstre a importância do passar dos tempos na vida de alguém que saiba a importância da partilha de sensações.


E assim se passam os dias sucedendo as noites, sempre idênticos entre si, mas eis que num dia tão diferente: o da nossa presença chega o carteiro com a notícia fatídica da morte de uma delas.

Espanto, incredibilidade, choque: a morte que não se anuncia nem pede licença para entrar, simplesmente invade o cenário e com ela traz lembranças, recuerdos, saudades, imagens de um tempo que não recua.


Duas actrizes e uma encenação, também feminina, a cargo de Sofia Cabrita reportam-nos para um universo eminentemente intuitivo, cuidadoso com os pequenos nadas, bem disposto e verdadeiro.



Comunica-se com o público por sorrisos e expressões únicas e fala-se de tudo um pouco: o sal que apimenta a vida.

NÃO PERDER

No Teatro da Trindade até 1 de Abril, de Quarta a Sábado às 22h00m Domingo à 17h00m


2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada Ricardo! Mais uma vez, as fotografias estão lindas e são pedaços de espectáculo e de toda a equipa... Um grande abraço de todos!

Anónimo disse...

I love this...

Que espectaculo maravilhoso... Fiquei presa do principio ao fim... Ri, chorei, chorei a rir...
É dos tais espectaculos que se tiver oportunidade verei outra vez...
Parabens!